O Outono, que já lá vai, é talvez uma das minhas estações favoritas para dar passeios e caminhadas no campo.
Os tons quentes da paisagem, a fartura dos frutos da época, tornam cada passeio em pequenas aventuras de cor e de sabor.
Esta é também a época dos cogumelos selvagens, algo bastante sedutor de se encontrar em qualquer passeio. Mas que impõe algum respeito e conhecimento quando queremos trazê-los para casa e para a nossa cozinha, pois é um mundo que se deve conhecer bem antes de nos aventuramos, não vão as coisas correrem mal…
Aqui na zona, existem cogumelos selvagens comestíveis, conhecidos por “tortulhos”. No início da minha vida no campo, e porque são muito bonitos, ficava admirá-los à distância e nem lhes tocava, sabia bem das implicações dos cogumelos e não queria arriscar. Um dos grandes “senão” dos cogumelos selvagens são as variedades que visualmente são muito semelhantes mas em que uma ligeira diferença tem toda importância, pois faz com que uns possam comer-se sem consequências, enquanto outros são tóxicos, com efeitos secundários graves.
Como sou curiosa e gostava de saber um pouco mais, fui ter com a minha vizinha mais querida, a Ti Cesaltina – a quem os muitos e muitos anos passados no campo e em contacto com a natureza transformaram numa verdadeira enciclopédia de conhecimento campestre – para me explicar quais eram os tortulhos e aprender a identificá-los. E o espanto foi ouvi-la ensinar-me uma pequena lengalenga, que começa assim:
Tem colarinho de rei, mas rei não é.
Tem folhas de livro, mas livro não é.
Tem coroa de padre, mas padre não é.
O que é?
Esta variedade não é rica em sabor como os seus primos boletus edulis, mas tem sempre a sua graça trazer um ou dois para casa, sim, e só mesmo um ou dois, porque quando passeamos no campo temos que perder aquela mania de querer muito e de ficar com tudo para nós, há que pensar que é bom para os outros terem também a oportunidade de aproveitar o que a natureza nos oferece. Por isso, gosto de apanhar o mínimo e se não tenciono comer naquele dia, arranjo e congelo à espera de um dia em que a inspiração me leve a fazer uma receita que traga o sabor da natureza para a mesa.
Ingredientes para 4 pessoas
Preparação
1. Leve as batatas a cozer em água fria, temperada com sal, durante 20 minutos ou até estarem suaves. Pode espetar um garfo para ver a consistência.
2. Enquanto as batatas cozem, prepare os cogumelos. Leve uma frigideira ao lume com 1 colher de sopa de manteiga e quando estiver bem quente adicione os cogumelos. Deixe fritar bem até ficarem crocantes. Retire, escorra sobre papel de cozinha e reserve.
3. Quando as batatas estiverem cozidas, escorra a água e passe-as imediatamente pelo passe-vite ou por um espremedor de batatas.
4. Já com as batatas em puré, mas ainda quente, adicione a manteiga e misture bem. Junte o leite previamente misturado com as natas e envolva suavemente para não perder a consistência.
5. Tempere com sal e uma pitada de noz-moscada, coloque numa taça para ir à mesa, disponha por cima os cogumelos crocantes e, em seguida, junte em fio o azeite de trufa. Salpique com um pouco de sal grosso e sirva imediatamente.
A nossa dica:
Pode ser servido com dip para petiscar antes das refeições ou como acompanhamento perfeito para assados de carne.